Federasul: Prefeitos eleitos das maiores cidades do RS discutem prioridades no Tá na Mesa

Gestores abordaram temas como saúde, mobilidade urbana, desenvolvimento econômico e recuperação após a enchente

30/10/2024

Adiló Didomenico, Fernando Marroni, Rodrigo Sousa Costa, Sebastião Melo e Rodrigo Decimo
Adiló Didomenico, Fernando Marroni, Rodrigo Sousa Costa, Sebastião Melo e Rodrigo Decimo

 

 

Na reunião-almoço Tá na Mesa desta quarta-feira (30), promovida pela FEDERASUL em Porto Alegre, os prefeitos eleitos das maiores cidades do Rio Grande do Sul – Adiló Didomenico (Caxias do Sul), Fernando Marroni (Pelotas), Rodrigo Decimo (Santa Maria) e Sebastião Melo (Porto Alegre) – discutiram as principais pautas para suas futuras gestões. Realizado na sede da entidade, o evento contou com ingressos esgotados. O prefeito eleito de Canoas, Airton Souza, não pode estar presente devido a um problema pessoal.

 

Na abertura, o presidente da FEDERASUL, Rodrigo Sousa Costa, cumprimentou os prefeitos eleitos por suas vitórias e destacou o papel das grandes cidades no desenvolvimento do Estado e defendeu o trabalho em conjunto. “Queremos andar de braços dados com os prefeitos eleitos, independente do partido, e quando as divergências ocorrerem, que sejam de forma ordeira e civilizada”, afirmou Costa.

 

Tabela SUS

 

O prefeito reeleito de Caxias do Sul, Adiló Didomenico, trouxe à tona as dificuldades e avanços do município, enfatizando a necessidade de apoio estadual e federal para sustentar os serviços públicos, especialmente na área da saúde. Durante a coletiva de imprensa que precedeu o evento, Didomenico destacou a defasagem da tabela SUS, o que, segundo ele, sobrecarrega os municípios. Ele também defendeu mais investimentos para recuperar cidades afetadas pelas enchentes de maio deste ano. “Ou a União e o estado abraçam esses municípios ou não conseguiremos. Os municípios não conseguem segurar sozinhos”, declarou.

 

Para estimular o desenvolvimento econômico, Didomenico apresentou algumas das conquistas recentes de Caxias do Sul, incluindo um superávit nas contas do município e a redução de 50% na alíquota de ISSQN para projetos de inovação. “Criamos um centro de capacitação com 180 cursos para combater a falta de mão de obra e implementamos a Lei de Inovação, que colocou Caxias pela primeira vez entre os rankings de inovação do país”, ressaltou o prefeito. 

 

A renovação da frota de máquinas e caminhões também foi citada por Didomenico, o que foi importante, segundo ele, nos trabalhos durante as cheias. “Isso nos ajudou a resistir a esta desgraça”, afirmou. O prefeito de Santa Maria pediu unidade dos municípios gaúchos na discussão sobre a reforma tributária, que pode ter efeitos negativos para a economia das cidades, principalmente no setor dos serviços. 

 

Desenvolvimento

 

O prefeito eleito de Pelotas, Fernando Marroni, começou sua fala abordando o êxodo rural que a cidade do sul gaúcho enfrentou nos últimos anos e o impacto disso no déficit de áreas urbanas. “O desenvolvimento econômico é o maior desafio da nossa gestão”, afirmou Marroni, que defende “um projeto de integração regional” para fortalecer a economia local.  

 

Marroni também destacou a necessidade de investir no turismo, tanto cultural quanto natural. “Primeiro, precisamos recuperar nosso patrimônio material histórico”, afirmou, citando que a cidade tem potencial turístico nas praias e nos pontos históricos. A recuperação da zeladoria urbana também é uma prioridade, segundo Marroni, bem como o fortalecimento do sistema de proteção de cheias da cidade. 

 

Ele explicou que a cidade é uma das mais vulneráveis, tendo em vista sua posição geográfica. “Os eventos serão cada vez mais intensos, por isso precisamos de um sistema melhor para que o povo não sofra mais como ocorreu”, afirmou.  

 

Tecnologia

 

Rodrigo Decimo, prefeito eleito de Santa Maria, enfatizou os desafios de infraestrutura e logística para manter o crescimento da cidade. Entre os projetos prioritários, Decimo citou a duplicação da RSC-287, a conclusão da Travessia Urbana e a construção de uma nova BR-392 para facilitar o tráfego entre Santa Maria e Santo Ângelo.  

 

Além disso, Decimo ressaltou a importância da tecnologia para o desenvolvimento local, mencionando planos para transformar Santa Maria em uma “zona franca de software” para atrair investimentos em tecnologia e inovação. “Vamos trabalhar para que tenhamos um ambiente mais favorável para os empreendedores de tecnologia”, afirmou. Na educação, o prefeito destacou a importância de atender às prioridades locais com uma frente de trabalho dedicada à zeladoria, saúde, educação e segurança. 

 

O turismo também foi citado por Decimo como área a ser explorada, por meio do turismo natural e da rede hoteleira da cidade . “A região Central é muito rica. Nós temos dois geoparques reconhecidos pela UNESCO, o geoparque da Quarta Colônia, o geoparque de Caçapava do Sul e o geoparque de Caminho das Pedras”, explica o prefeito eleito de Santa Maria.  

 

Mil prioridades

 

Por fim, Sebastião Melo, prefeito reeleito de Porto Alegre, trouxe temas cruciais para a capital, como saúde e mobilidade urbana, para o palco do Tá na Mesa. A Capital gaúcha, que é referência para 200 municípios em atendimentos de alta e média complexidade, enfrenta dificuldades financeiras para manter esses serviços. Melo, assim como o prefeito de Caxias do Sul, criticou a defasagem da tabela SUS, o que, segundo ele, não cobre os custos totais, levando a prefeitura a investir cerca de R$ 140 milhões adicionais. “A tabela do SUS não paga nada hoje em condições sustentáveis”, afirmou. 

 

Ele disse que, mesmo com os investimentos da prefeitura, a demanda triplicou e o sistema é sobrecarregado devido a longa permanência de pacientes de fora da Capital. "Se Porto Alegre é referência, ele não pode ficar quarenta dias aqui, ele tem que ser tratado e retornar para sua cidade", afirmou Melo. Para ele, a situação fica “insustentável” sem que haja mais investimentos.

 

Ainda que o prefeito tenha “mil prioridades”, brincou Melo mencionou as obras no sistema de proteção contra inundação da Capital como prioritárias, sendo elas as do Muro da Mauá, das comportas e das casas de bombas. Além disso, as obras de reconstrução da infraestrutura afetadas pela enchente também deverão ser priorizadas, com destaque para as áreas de risco, que abrigam cerca de 80 mil pessoas.

 

Ao final de sua fala o prefeito de Porto Alegre salientou que, encerradas as eleições, as rusgas entre oponentes ficaram para trás. ‘Não há terceiro turno. Serei o prefeito de todos os porto-alegrenses ".

 

Fonte: Imprensa Federasul

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