Inovação, eficiência e performance na indústria foram tema central do SKA Connect 2025
14/05/2025
Arthur Igreja e Siegfried Koelln
A 10ª edição do SKA Connect, o maior evento voltado para tecnologias industriais no Brasil, realizado no último dia 6, no São Paulo Expo, em São Paulo, trouxe histórias, insights valiosos e tendências inerentes ao novo momento da inovação industrial. Com mais de 300 participantes presenciais e mais 3 mil inscritos on-line, o evento foi uma verdadeira imersão tecnológica e contou com a participação de brands de expressão e speakers renomados na área. A transformação digital, como um todo, tem se aplicado em diversas esferas, e na indústria não é diferente. Segundo dados Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), divulgados em 2024, aproximadamente 98% das empresas brasileiras pretendem aumentar ou manter seus investimentos em inovação.
Conforme Luiz Gonçalves, HEAD, Business Consulting Services & Technical Sales da SKA, a inovação é, de fato, um pré-requisito para que as empresas se mantenham vivas e competitivas. “Ela [a inovação], por si só, não precisa ser altamente tecnológica, nem revolucionária, mas sim algo que possa fazer parte dos processos, produtos ou até mesmo da organização de uma indústria”, pontuou o host do SKA Connect 2025.
Transformação da indústria através da inovação
Dividido por painéis definidos em temas voltados à manufatura e engenharia, o SKA Connect 2025 trouxe à tona três domínios da indústria que falam de Design e Inovação, Governança da Informação e Fábrica Inteligente, assuntos amplamente conectados a Business Intelligence (BI), sistemas em nuvem e inteligência artificial na indústria, tópicos trabalhados no dia a dia. Tendo isso como norte central, a atração proporcionou networking com público C-level, qualificação e trocas de experiências.
No primeiro painel, apresentado pelo Consultor de Negócios da SKA, Renan Rocha, os speakers Maicon Zanardi, Gestor de Engenharia da empresa Marelli, e Daniel Martins, CEO do Grupo J2M, trouxeram ao público os diferentes contextos da inovação e como cada indústria enxerga seu tipo de negócio, através do trabalho que exercem diariamente. A Marelli, que atua no ramo moveleiro, abordou os diversos desafios no desenvolvimento de móveis para escritório, desde questões voltadas à otimização até como integrar engenharia e ERP para ganhar eficiência, com a inteligência artificial embarcada.
E para acelerar a criação de desenhos, a empresa implantou o DriveWorks, conectado com o SOLIDWORKSe atingiu uma redução de tempo de 87%. “A inovação não pode parar. Nunca chegamos a um ponto de ‘agora inovei, é o suficiente, e aqui está bom’. Então, se formos olhar hoje em dia, temos muitas tecnologias disponíveis.... inteligência artificial, algo muito falado e que está em alta. Mas o que nós temos que fazer? Nós temos que encontrar meios e ferramentas para auxiliar nos problemas do dia a dia”, destacou Zanardi. O Grupo J2M, formado pelas brandsFertiSystem, Solve e Martins Agronegócios, destacou como a manufatura aditiva revolucionou a produção de peças plásticas, e como as tecnologias da SKAauxiliaram a empresa a ter um melhor controle do chão de fábrica.
“A digitalização foi necessária para nós vermos onde tínhamos oportunidade de crescimento. Com controle de planilha, sempre tínhamos informação um dia depois, mas, após a implantação do sistema MES, passamos a personalizar os motivos de parada e isso nos ajudou a elevar o nível de atuação da fábrica. E, por conta disso, tivemos uma redução de 40% ociosidade na fábrica”, pontuou Martins falando um pouco sobre os processos da FertiSystem. Por conta desse tempo ocioso, o Grupo J2M viu brecha para um novo modelo de negócio e deu início à Solve, que atua com impressão 3D industrial, com máquinas da Markforged, para impressão de componentes em compósitos e de produtos em metal, e da Formlabs para moldes de baixa tiragem e peças finais com impressão em resina.
“A inovação dos produtos te dá a flexibilidade de conseguir fazer uso de qualquer forma. Seja para uma peça 3D, um molde de pequena tiragem, onde existem muitas possibilidades”, salientou o CEO sobre a impressão 3D na Solve.
Controle de chão de fábrica, ganhos e redução de tempo
Após o intervalo, o painel 2 entrou em cena e abordou a otimização e performance na indústria, especificamente com os ganhos em OEE e a redução de tempo de setup na produção. Para trazer à tona de forma esclarecedora, o momento foi apresentado por Samuel Robaski, Gerente Comercial da SKA, que contou com a participação de Heitor Pensky, Coordenador de Melhoria Contínua na Schulz, Giovan Pederssetti, Coordenador Industrial na Fremax, e Rodrigo Umbelino, Gestor de Produção na Fremax.
Maior fabricante de compressores de ar da América Latina, a Schulz mostrou os resultados exponenciais que conquistou após a adoção do SKA MES em seus processos. Pensky explorou todos os pormenores acerca das mudanças do chão de fábrica da empresa, através da Prova de Conceito (POC), que teve como premissa reduzir os gargalos, aumentar a disponibilidade e deixar o apontamento manual no passado, além de salientar os ganhos por meio do processo de roadmap.
“O resultado mais importante do MES é a movimentação das pessoas. Elas se engajam, tem o local para olhar e verem se aquilo que estão fazendo está realmente dando resultado, se uma linha está com problema ou não. E acredito que isso seja de forma cíclica, ou seja, estamos sempre em melhoria contínua, e isso traz, automaticamente, mais consistências para as informações”, pontuou Pensky.
A Fremax, marca do Grupo Randon, gigante no ramo de fabricação de autopeças para veículos de passeio, utilitários e comerciais de pequeno porte, incorporou o SKA MES ao seu portfólio de soluções para ter uma produção mais eficiente. Ou seja, com este sistema, a empresa obteve uma redução do tempo de setup e de refugo e transformou a realidade da empresa, fazendo com que os operadores passassem a ter mais confiança nas ações.
“O MES nos abriu a possibilidades de trabalhar de forma mais focada. É como observar a minha fábrica e, em algumas partes através de um vidro um pouco ‘embaçado’, onde em alguns pontos não consigo enxergar muito bem [com a adoção do MES], houve uma boa limpeza, o que viabilizou uma visão mais clara de tudo. De fato, o segredo de conseguir o ganho é o que eu faço a partir de então, ou seja, eu posso apontar culpados ou posso olhar onde está o problema e realmente atuar naquele ponto”, corroborou Pederssetti.
A respeito dos ganhos obtidos com o SKA MES, Umbelino comparou dois momentos distintos, um antes e outro após a adoção da solução. “A ferramenta do MES nos trouxe confiabilidade dos dados, ou seja, nós saímos de um tempo de setup médio de 22 minutos para um setup de 17 minutos – uma redução de 5 minutos. A ‘gente’ pode achar que esses 5 minutos de redução são insignificantes, mas comparado à nossa realidade, onde temos 900 setups ao mês, isso totaliza 75 horas que a gente deixou de perder. E, convertendo isso para peças, nós podemos produzir 2.100 peças a mais por mês, totalizando 25.200 peças ano”, disse Umbelino.
A inteligência artificial esteve presente no palco do SKA 2025
Para corroborar tudo que havia sido dito até então e encerrar o evento com ‘chave de ouro’, o palestrante especial da atração, o especialista e palestrante, Arthur Igreja, subiu ao palco e trouxe um amplo panorama sobre as inovações do mundo dos negócios voltadas às indústrias. Em um momento de pura imersão acerca do atual momento da indústria, Igreja trouxe tendências poderosas como Business Intelligence, sistemas em nuvem, inteligência artificial e cibersegurança, em um verdadeiro mapa para o futuro das indústrias.
Igreja mostrou, com riqueza de detalhes, dois cases importantes voltados ao mundo automobilístico, utilizando marcas como a Ferrari e Cooper para validar e mostrar como a inovação é importante em qualquer âmbito. “Tecnologia disponível, alguém vai usar, você ou alguém irá utilizá-la por você. Não podemos ‘amarrar o trem com cadarço’”, definiu.
Onde estamos com a inteligência artificial?
A sociedade, como um todo, tem passado por uma guinada muito importante de premissas com a chegada da inteligência artificial, onde há uma certa objeção acerca dessas inversões. “O aumento de maturidade e de conhecimento vai ser num ciclo muito mais curto, e na indústria isso é uma dor. Antes, um jovem aprendiz, um trainee ou um engenheiro recém-formado, contava com uma curva de geração de valor muito extensa e, agora, ela vai ficar mais curta. De fato, as pessoas vão começar a gerar valores ainda maiores e em espaço de tempo menor”, destacou Igreja.
Inclusive, segundo o especialista, o Brasil levou cerca de 20 anos para inserir computadores nas empresas, 12 anos para a adoção de aplicativos na palma da mão, mas, na era da IA, o crescimento tem sido exponencial nos últimos três anos. “Na era da IA, nós decolamos em 2022, e, em um ano, 23% das empresas brasileiras já utilizavam Gen AI nos seus processos. Em 2024 chegamos a 65%, e neste ano já batemos a casa dos 71%”, frisou.
Quanto a indústria, o palestrante destacou que a IA tem sido mais utilizada para produção de textos e imagens, mas na próxima curva tudo deverá ser diferente. “Logo a IA vai chegar em massa no chão de fábrica, logo na próxima curva (...) Em indústrias de manufatura, por exemplo, nós temos cerca de 200 bilhões de dólares para desbloquear em produtividade. Mas como? Com a Gen AI nos trazendo respostas e insights, ampliando o acesso a consultorias e ao conhecimento. Ou seja, você consegue mudar processos instantaneamente”, disse.
Logo na sequência, o CEO da SKA, Siegfried Koelln, subiu ao palco ao lado de Igreja e ambos conversaram sobre competividade em outros mercados, poder de compra e o quanto a Inteligência Artificial tem participado da transformação da indústria. E, para finalizar, Koelln trouxe um paralelo sobre mercado e crescimento da indústria. “(...) Uma fração das empresas brasileiras estão num patamar elevado de competitividade em qualquer mercado mundial. Aqui [no SKA Connect] temos empresas que estão presentes em 100 países diferentes, e isso é mercado mundial, até porque elas conseguem fazer as coisas com a devida eficiência e competência e, por isso, acreditamos no potencial do Brasil”, concluiu o CEO da SKA.
Serviço
O quê: SKA Connect 2025;
Quando: 06 de maio, às 10h;
Onde: Evento em São Paulo, para convidados exclusivos, com transmissão ao vivo, aberta para o público interessado;