Educação: É preciso investir na permanência do aluno no caminho da formação

Boletim Socioeconômico da ACIST-SL apresenta os dados da Educação de São Leopoldo

25/10/2024

Ana Cristina Ghisleni, Micael Vier Behs e Elson João Selch avaliam os dados da Educação do município
Ana Cristina Ghisleni, Micael Vier Behs e Elson João Selch avaliam os dados da Educação do município

 

Nesta sexta-feira, 25, a ACIST-SL apresentou a 25ª edição do Boletim Socioeconômico Trimestral, trazendo como bloco temático a Educação, com informações em nível nacional, estadual e dos municípios de São Leopoldo, Novo Hamburgo, Canoas e Gravataí e com dados comparativos de 2017 a 2023. O amplo levantamento feito pelo Núcleo de Excelência Competitividade e Economia Internacional da Unisinos revelou dados impactantes: expressiva participação do município no número de vagas na Educação Infantil, o crescimento de matrículas nas séries iniciais (1º ao 5º ano), o declínio na presença nas séries finais (6º ao 9º) e aumento de matrículas no Ensino Médio Profissionalizante.  Também apontou a queda no nível de aprendizado, demonstrada nas  notas das escolas que participaram do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), aplicado em todo o Brasil, com questões de Português e Matemática. 

 

Os dados podem ser verificados neste LINK: https://acistsl.com.br/arquivos/boletim-socioeconomico-trimestral--25--edicao----educacao1729867740.pdf

 

A explanação dos dados do Boletim foi realizada pelo economista Marcos Tadeu Lélis, que foram debatidos no painel mediado por Micael Vier Behs, diretor de Educação da ACIST-SL, e composto por Ana Cristina Ghisleni, professora e pesquisadora do Programa de Pós Graduação em Gestão Educacional da Unisinos, e Elson João Selch, chefe da Divisão Pedagógica da 2ª Coordenadoria Regional da Educação. A ACIST-SL convidou um representante da Educação Municipal, mas não obteve retorno.

 

Educação Infantil

 

As matrículas na Educação Básica de São Leopoldo registraram crescimento de 13,3% de 2017 a 2023. No mesmo período, essa variação é superior à média do estado do Rio Grande do Sul (+9,7%) e do Brasil (+11,2%). Nota-se expansão da proporção de vagas nas escolas públicas de São Leopoldo, que em 2023 corresponderam a 43,8% do total, enquanto que em 2015, respondiam por 41,6%.

 

Em São Leopoldo, 100% das vagas na educação infantil da rede pública são de responsabilidade municipal, atendendo aos requisitos da LEI Nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Em 2017, o município atendia mais de 3,5 mil matrículas, enquanto em 2023 supera 4,2 mil. Conforme informações fornecidas pela Secretaria de Educação do município de São Leopoldo, além das vagas em escolas municipais, a prefeitura custeou cerca de 4.032 vagas em 2023 e 4.383 em 2024, em escolas particulares.

 

Ensino Fundamental

 

As matrículas do ensino fundamental (anos iniciais) registraram variação negativa nos quatro municípios destacados. A menor contração foi registrada em Novo Hamburgo, com queda de 0,6% em 2023 frente a 2017.

 

São Leopoldo registrou uma retração de 2,7% no mesmo período, uma queda mais acentuada do que a média do Estado (-0,2%), mas inferior à do Brasil (-5,9%). Além disso, ocorreu queda da proporção de vagas nas escolas públicas de São Leopoldo, uma vez que em 2015 correspondiam a 87,9%, e em 2020 corresponderam a 87,0% do total.


 

Em 2023, no ensino fundamental (anos iniciais) 79,1% das vagas na rede pública eram municipais e 20,9%, estaduais. Destaca-se que São Leopoldo aumentou sua participação em 2,2 pontos percentuais em 2023 frente a 2017. Contudo, nota-se queda no total de matrículas da rede pública, que em 2017 atendia cerca de 14 mil alunos, enquanto que em 2023 passou a atender, aproximadamente, 13,5 mil

 

As matrículas do ensino fundamental (anos finais) registraram variação negativa em três dos municípios destacados. A maior contração foi registrada em Novo Hamburgo, que obteve queda de 15,6% em 2023 frente a 2017. 

Já São Leopoldo registrou retração de 8,4% no mesmo período, queda menos acentuada que a média do estado do Rio Grande do Sul (-10,8%). Houve queda da proporção de vagas nas escolas públicas de São Leopoldo, que em 2023 corresponderam a 87,7% do total, enquanto que em 2017, respondiam por 89,7%.

 

Em 2023, no ensino fundamental (anos finais) 67,5% das vagas na rede pública eram municipais e 32,5%, estaduais. Destaca-se que o município aumentou sua participação em 3,9 pontos percentuais em 2023 frente a 2017. Porém, a pesquisa do BST apontou que ocorreu queda no total de matrículas da rede pública. Em 2017, atendia cerca de 11,7 mil alunos, enquanto em 2023 passou a atender aproximadamente 10,5 mil.

 

Ensino Médio 

 

As matrículas do ensino médio registraram variação positiva nos municípios destacados. O menor crescimento foi registrado em Novo Hamburgo, que obteve queda de 1,0% em 2023 frente a 2017. 

 

São Leopoldo registrou o maior crescimento no período entre os municípios destacados (15,2%). A média do Estado, por sua vez, foi de crescimento de 0,5% nas matrículas. Contudo, houve contração da proporção de vagas nas escolas públicas de São Leopoldo, que em 2023 corresponderam a 83,5% do total, enquanto que em 2017, respondiam por 90,1%.


 

Ensino Médio/Profissionalizante

 

A participação das matrículas no Ensino Profissionalizante em relação ao total de matrículas do Ensino Médio diminuiu em São Leopoldo e Novo Hamburgo na comparação entre 2023 e 2017. No que se refere ao percentual de matrículas do Ensino Médio - Curso Técnico Integrado à Educação Profissional sobre o Ensino Médio Regular, Novo Hamburgo e São Leopoldo apresentaram, em 2023, percentuais de 26,5% e 16,7%, respectivamente. Já no Ensino Médio - Modalidade Normal/Magistério, Canoas teve a maior participação em 2023, com 3,1%.

 

Em São Leopoldo, no Ensino Médio, 100% das vagas na rede pública são de responsabilidade estadual. Em 2017, a rede pública atendia 5.468 alunos, enquanto em 2023, esse número teve leve crescimento, quando o município passou a atender 5.838 alunos.


 

Desafios - Conforme os painelistas, são vários os desafios para a retomada de um sistema que atenda às necessidades da Educação, que vão desde a recuperação da importância do professor em sala de aula, incentivo à melhoria da gestão e da infraestrutura das escolas e a compreensão do desequilíbrio socioeconômico dos estudantes. 

 

Elson Selch informou que a coordenadoria passa por um processo de mudança na forma de avaliar os indicadores, com preocupação maior em questionar os índices locais de aprendizagem. “Estamos incentivando o professor a  olhar para seus próprios dados, para seus alunos, pensando em estratégias de melhorias”, apontou.

 

Ele exemplifica com os dados apresentados em relação ao Ensino Médio Profissionalizante, que apontaram aumento de matrículas, na contramão do aumento da demanda reprimida no mercado de trabalho. “O Estado é um dos que mais oferece cursos profissionalizantes no Ensino Médio, mas este aluno não exerce a atividade escolhida no curso e precisamos saber quais são os motivos, para onde estão indo esses profissionais?”, apontou, respondendo que uma das alternativas é desenvolver cursos que façam mais sentido para os alunos, que tenham mais aderência pedagógica e econômica. Selch complementa que muitas pessoas em fase adulta estão retornando aos bancos escolares para concluir o Ensino Médio. Este é um dos motivos do aumento de matrículas em comparação com o Ensino Fundamental. 

 

Para Ana Ghisleni, a qualificação dos  professores precisa estar na pauta. Enquanto a Educação Infantil é composta por docentes com foco na Pedagogia, os demais anos têm professores oriundos de licenciaturas de conhecimentos específicos e sem o preparo para a sala de aula. “Cerca de 40% dos professores são formados por EAD. Isto vale tanto para o ensino público e privado, que também vem sofrendo com a escassez de bons professores”, ressalta. Ela pontua que ‘a escola precisa voltar a ser escola e que professor precisa voltar a ser professor’ e que é imperioso um novo modelo de transmissão de conhecimento, onde o desafio é criar diálogo e conexões para colocar o conhecimento no lugar merecido.

 

O diretor de Educação da ACIST-SL, Micael Vier, destacou a importância de gerar um processo de discussão sobre os indicadores educacionais. Um dado que chamou a atenção foi o desempenho positivo dos anos iniciais em comparação com os anos finais do ensino, indicando a fragilidade das escolas em manter o interesse dos alunos na medida em que avançam no seu processo escolar. 

 

O debate do painel sinaliza para a relevância de fomentar a formação integral do aluno, recuperando o lugar e a vocação da escola como referência de vida. “É preciso mais investimentos para evitar a evasão por qualquer motivo, reforçar o lugar e a vocação do Ensino, independente da escolha profissional”, aponta Vier. A começar por projetos para a permanência do aluno na caminhada do seu ciclo formativo, seja inicial, médio ou superior e assim, ingressar no mercado de trabalho com mais qualificação. “Por vivermos em uma sociedade voltada para a economia da atenção, reduzimos a importância da escola.Precisamos recuperar este espaço, que também deve estar sintonizado com as múltiplas realidades enfrentadas hoje”, aponta.

 

O presidente da ACIST-SL, destacou que o Boletim Socioeconômico gera dados para a tomada de decisões tanto por parte dos entes públicos como privados. “São informações geradas por entidades neutras e são verificadas cientificamente”, pontua. Segundo ele, a . Educação é um tema muito complexo. “O desafio maior está em avaliar e corrigir o declínio no decorrer do ciclo de vida do aprendizado”. 

 

O Boletim Socioeconômico Trimestral da ACIST-SL contou com o patrocínio das associadas Sicredi Pioneira, Stihl, SKA, Fontec, Vila Rica Imóveis, W3K, Datwyler e Colégio Sinodal.  



 

Fonte: Imprensa ACIST-SL | Beth Renz Imprensa & Relacionamento | Fotos: Elizabeth Renz

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